MULHERES NA ASTRONOMIA - Uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher

A História da Ciência só recentemente vem se dedicando aos estudos de Gênero em Ciência, reconhecendo a importância das artesãs, calculistas e pesquisadoras que deram significativas contribuições à Astronomia.

Poderíamos citar aqui muitas delas, desde a Hipácia de Alexandria até aquelas que mais recentemente trabalharam em astronomia estelar no século XIX e início do XX, como a equipe de mulheres do Harvard College Observatory envolvidas na classificação de estrelas de acordo com seus espectros, lideradas por Williamina Fleming; Annie Jump Cannon, que expandiu e desenvolveu um sistema de classificação estelar mais detalhado que utilizamos até hoje; Henrietta Leavitt, que estudou um tipo particular de estrelas variáveis chamadas Cefeidas e descobriu uma relação que permitiu determinar distâncias de galáxias utilizando suas variáveis Cefeidas; Cecilia Payne-Gaposchkin, que descobriu a relação entre o espectro de uma estrela e sua temperatura. Estes são apenas alguns exemplos, entre muitas outras mulheres notáveis que conseguiram vencer o preconceito e a exclusão que acompanha as mulheres há séculos, especialmente no meio científico.

Hoje a situação para as mulheres que querem seguir a carreira de Astrônoma é muito melhor, apesar de ainda termos muito a conquistar. Durante a Reunião de União Astronômica Internacional (IAU) que ocorreu no Brasil em 2009, participei de um almoço de confraternização das Mulheres na Astronomia. O objetivo do almoço foi compartilharmos com Astrônomas do mundo inteiro as dificuldades e conquistas que temos vivenciado nesta carreira, que até algumas décadas atrás era uma profissão quase exclusivamente masculina. Um dos maiores desafios atualmente é atrair um maior número de mulheres para a carreira de Astrônoma, uma vez que ainda temos uma discrepância muito grande entre o número de homens e mulheres. Para citarmos alguns números, apenas 13,6% dos mais de 10.000 astrônomos membros da IAU são mulheres. No Brasil, dos astrônomos membros da Sociedade Astronômica Brasileira, apenas 25% são mulheres. E para dar um exemplo muito próximo à minha realidade, aqui no Planetário, temos um total de 12 astrônomos, e sou a única mulher na equipe.

Uma dificuldade relatada por grande parte das pesquisadoras que participaram do almoço é que a Astronomia (assim como outras carreiras científicas) é uma profissão muito difícil de conciliar com a maternidade, pois há uma pressão constante para a produção de artigos científicos, e as mães com filhos pequenos não conseguem ter a produtividade exigida, o que as leva em vários casos ao abandono da carreira ou à migração para áreas afins.

Para tentar minimizar estes problemas, a IAU vem fazendo uma campanha para que os astrônomos apoiem e encorajem as astrônomas de sua comunidade a vencer estas barreiras e assegurar que elas tenham acesso às mesmas oportunidades que os homens.

No dia de hoje, o Dia Internacional da Mulher, gostaríamos de parabenizar a todas as mulheres, em especial às astrônomas, que diariamente se superam em suas múltiplas jornadas e papéis.

Na foto Valentina Tereshkova, primeira cosmonauta da história (primeira mulher a navegar no espaço dentro de um foguete), em 16 de junho de 1963. Completou 48 órbitas em torno da Terra, no total de 71 horas, apesar das náuseas e do desconforto psicológico que sentiu. Diante do feito, recebeu as duas principais condecorações de seu país: Heroína da União Soviética e a Ordem de Lenin.

Feliz Dia Internacional das Mulheres!


Fonte: Fundação Planetário da cidade do Rio de Janeiro

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